QUEDA NA QUALIDADE DA SEGURANÇA NO RIO

Philiph Alston (relator da ONU para execuções sumárias, à direita) recebe das mãos do comandante do 16o BPM, coronel Marcus Jardim, uma miniatura do "caveirão", tábua de salvação dos PMs e alvo de denúncias dos direitos humanos

Na minha opinião o "bico" promove distorções como as das "Milicias". O governador tem de pagar um salário digno ao policial, não é através de jeitinho do "se vira" que resolve o problema dos soldos. Cadê os recursos do Pronasci, do governo federal?

Roberto de Carvalho

Paulo Ramos: bico leva a queda na qualidade da segurança pública

André Balocco, JB Online

RIO - Membro da Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, o deputado Paulo Ramos (PDT) disse há pouco que os baixos salários pagos pelo Estado causam queda na qualidade do serviço de segurança pública. Segundo Ramos, que é oficial reformado da Polícia Militar, se o governador Sérgio Cabral pagasse proventos dignos aos servidos, a categoria não seria obrigada a fazer bicos de até 12 horas nos horários livres para complementar a renda, o que gera cansaço na hora de voltar a vestir a farda.

- O policial tem de trabalhar fora do horário de serviço porque ganha o pior salário da PM em todo o Brasil. Se ganhase bem, poderia se dedicar mais ao trabalho e, assim, a segurança pública seria de melhor qualidade - disse ele.

Ontem, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que não combaterá os bicos dos policiais enquanto o governador Sérgio cabral não pagar um salário digno à PM. Ramos acha que Belrame entrou em contradição, já que em seu depoimento disse antes que não sabia que a Liesa era controlada por pessoas ligadas à contravenção (jogo do bicho).

- Como ele disse que iria punir os policiais que trabaharam no Carnaval se antes afirmou que não sabia que a Liesa era controlada pelos bicheiros? - criticou.

Sílvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança Pública (Ceseg), da Universidade Candido Mendes, acha a declaração de Beltrame melancólica.

- A questão dos bicos precisa ser enfrentada mais cedo ou mais tarde, antes que seja tarde. É uma questão problemática. Se é verdade que os policiais não podem deixar de ter segundo emprego, sobretudo os praças, senão não sobrevivem, por outro lado não é possivel que a PM perpetue essa ilegalidade - criticou.