Morales ameaça expulsar siderúrgica brasileira EBX da Bolívia
LA
PAZ (Reuters) – A siderúrgica brasileira EBX será expulsa da Bolívia se
não abandonar o país voluntariamente, depois de iniciar a construção de
uma usina sem autorização, disse o presidente Evo Morales na
segunda-feira.
A
EBX está no centro de uma polêmica desde a semana passada, quando o
governo revelou que o grupo não tinha as autorizações necessárias para a
construção da usina de ferro fundido (matéria-prima do aço) perto de
Puerto Suárez, na fronteira com o Brasil, cerca de 1.800 quilômetros a
sudeste de La Paz.
Morales
disse a jornalistas que “não há negociações com uma empresa que está
instalada ilegalmente no país” e disse torcer para que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, seu amigo, não saia em defesa de “uma empresa que
não respeita as leis nem a Constituição da Bolívia”.
Segundo
o governo boliviano, a usina é ilegal porque não tem licenças
ambientais e não está respaldada por uma lei específica, como é
necessário em se tratando de uma área fronteiriça, onde está proibida a
propriedade estrangeira.
Lula
e Morales, primeiro presidente indígena da história da Bolívia, mantêm
uma estreita relação, apesar dos problemas vividos pelas empresas
brasileiras no país vizinho.
A
Petrobras, maior investidora estrangeira no país mais pobre da América
do Sul, está envolvida em uma dura negociação com La Paz em torno do
preço de exportação do gás natural boliviano para o Brasil.
Morales
afirmou que a decisão de paralisar as obras da EBX em Puerto Suárez é
definitiva, apesar de a população local estar mobilizada em defesa do
projeto. Na semana passada, os manifestantes chegaram a manter três
ministros bolivianos sequestrados durante 13 horas.
“A
EBX quer dividir os bolivianos, quer chantagear. Por isso, reitero que
há dois caminhos: retirar-se voluntariamente, ou vamos acabar
expulsando-a”, acrescentou Morales. A siderúrgica brasileira,
propriedade do multimilionário brasileiro Eike Batista, teria pedido
recentemente a imprescindível licença ambiental, quando a construção da
usina já estava bastante avançada, denunciou uma ONG ambientalista na
segunda-feira.
O
Foro Boliviano do Meio Ambiente disse que a EBX pretende supostamente
processar minério de ferro explorado no Brasil para produzir o ferro
fundido em Puerto Suárez e depois transformá-lo em aço num pólo
siderúrgico que está sendo construído na vizinha Corumbá (MS) em
parceria com a empresa anglo-australiana Rio Tinto.
A
ONG acrescentou que a usina da EBX em Puerto Suárez utilizaria
tecnologia “obsoleta”, baseada no carvão vegetal, ao mesmo tempo em que
se beneficiaria do gás natural boliviano subvencionado para uma usina
termoelétrica em território brasileiro.
A
EBX era uma das firmas inicialmente interessadas na licitação da
gigantesca jazida de ferro do Mutún, também na região de Puerto Suárez.
Essa
licitação, que inclui os direitos de exploração de ferro, produção de
aço e construção de um ramal ferroviário até o rio Paraguai, terminou no
dia 30 de maio, segundo os planos do governo
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