terça-feira, 7 de junho de 2011

BOLÍVIA AMEAÇA EXPULSÃO DE EIKE BATISTA DO PAÍS

Morales ameaça expulsar siderúrgica brasileira EBX da Bolívia 

LA PAZ (Reuters) – A siderúrgica brasileira EBX será expulsa da Bolívia se não abandonar o país voluntariamente, depois de iniciar a construção de uma usina sem autorização, disse o presidente Evo Morales na segunda-feira.
A EBX está no centro de uma polêmica desde a semana passada, quando o governo revelou que o grupo não tinha as autorizações necessárias para a construção da usina de ferro fundido (matéria-prima do aço) perto de Puerto Suárez, na fronteira com o Brasil, cerca de 1.800 quilômetros a sudeste de La Paz. 

Morales disse a jornalistas que “não há negociações com uma empresa que está instalada ilegalmente no país” e disse torcer para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu amigo, não saia em defesa de “uma empresa que não respeita as leis nem a Constituição da Bolívia”. 

Segundo o governo boliviano, a usina é ilegal porque não tem licenças ambientais e não está respaldada por uma lei específica, como é necessário em se tratando de uma área fronteiriça, onde está proibida a propriedade estrangeira. 

Lula e Morales, primeiro presidente indígena da história da Bolívia, mantêm uma estreita relação, apesar dos problemas vividos pelas empresas brasileiras no país vizinho. 

A Petrobras, maior investidora estrangeira no país mais pobre da América do Sul, está envolvida em uma dura negociação com La Paz em torno do preço de exportação do gás natural boliviano para o Brasil. 

Morales afirmou que a decisão de paralisar as obras da EBX em Puerto Suárez é definitiva, apesar de a população local estar mobilizada em defesa do projeto. Na semana passada, os manifestantes chegaram a manter três ministros bolivianos sequestrados durante 13 horas. 

“A EBX quer dividir os bolivianos, quer chantagear. Por isso, reitero que há dois caminhos: retirar-se voluntariamente, ou vamos acabar expulsando-a”, acrescentou Morales. A siderúrgica brasileira, propriedade do multimilionário brasileiro Eike Batista, teria pedido recentemente a imprescindível licença ambiental, quando a construção da usina já estava bastante avançada, denunciou uma ONG ambientalista na segunda-feira. 

O Foro Boliviano do Meio Ambiente disse que a EBX pretende supostamente processar minério de ferro explorado no Brasil para produzir o ferro fundido em Puerto Suárez e depois transformá-lo em aço num pólo siderúrgico que está sendo construído na vizinha Corumbá (MS) em parceria com a empresa anglo-australiana Rio Tinto. 

A ONG acrescentou que a usina da EBX em Puerto Suárez utilizaria tecnologia “obsoleta”, baseada no carvão vegetal, ao mesmo tempo em que se beneficiaria do gás natural boliviano subvencionado para uma usina termoelétrica em território brasileiro. 

A EBX era uma das firmas inicialmente interessadas na licitação da gigantesca jazida de ferro do Mutún, também na região de Puerto Suárez. 

Essa licitação, que inclui os direitos de exploração de ferro, produção de aço e construção de um ramal ferroviário até o rio Paraguai, terminou no dia 30 de maio, segundo os planos do governo

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